domingo, 20 de dezembro de 2009

A diferença entre obsessão pelo trabalho e totalidade


Perguntaram a Osho: Você poderia falar sobre a diferença entre obsessão pelo trabalho e totalidade no trabalho?


A diferença é enorme. O viciado no trabalho não é pleno em seu trabalho. Ele é obcecado pelo trabalho; ele não consegue sentar-se silenciosamente, tem de fazer algo, seja necessário ou não, e essa não é a questão.

No Japão, estão colocando mais e mais robôs para trabalhar nas fábricas, porque o robô pode trabalhar vinte e quatro horas por dia, sem greves, sem problemas com os sindicatos, sem pedir aumento de salário constantemente, sem férias.

Mas os trabalhadores são absolutamente contra isso, e o governo está pedindo a eles que tirem um dia de folga em sete.

No Japão, até aos domingos as pessoas trabalham — não existem feriados. E as pessoas estão se opondo ao governo, existe muito tumulto. Elas não estão prontas para ter um dia de folga por semana.

Serão pagas por isso, qual é o problema? Elas estão viciadas. Dizem: "O que vamos fazer em casa? Não, nós não queremos esse tipo de problema. Em casa haverá brigas com a esposa, com as crianças, e nós estamos viciados em trabalho. Abriremos o capô dos carros, embora tudo esteja funcionando, e destruiremos o carro tentando melhorar o motor. Abriremos o aparelho de televisão e o destruiremos. Já fizemos isso! Algumas vezes, quando tivemos um feriado nacional, nós o fizemos — destruímos os velhos relógios de nossos avós, que estavam funcionando perfeitamente bem, mas alguma coisa tinha de ser feita!"

Esses são os workaholics, os viciados em trabalho, exatamente como as pessoas viciadas em drogas. O trabalho é sua droga. Ele os mantém ocupados. Ele mantém as pessoas afastadas de suas preocupações, afastadas de suas tensões, exatamente como qualquer droga; ele sufoca suas preocupações, tensões, ansiedades, sofrimentos, cristianismo, Deus, pecado, inferno — tudo é sufocado. Uma pessoa infeliz subitamente começa a rir, a se divertir.

Apenas vá a um bar e veja. Um bar é um lugar muito mais alegre que uma igreja. Todos riem, se divertem, brigam, socam o nariz do outro, e quando voltam para casa já é tarde da noite, estão cambaleantes, caindo na rua.


Um homem chegou em casa tremendo muito, tão bêbado que não conseguia abrir o cadeado, porque a chave e o cadeado... A chave estava em uma mão, o cadeado em outra, e não havia o encontro, nenhum diálogo!
Finalmente, o policial da rua viu o pobre coitado, aproximou-se e perguntou: "Posso ajudá-lo?"
O bêbado disse: "Sim, apenas mantenha a casa firme. Parece que está havendo um grande terremoto!"


Eles se esqueceram de tudo... do mundo, de seus problemas e da terceira guerra. Mas você pode usar tudo como uma droga, apenas se torne viciado.

Algumas pessoas mascam chicletes. Tire os chicletes delas e veja como se tornam infelizes! Imediatamente começam a pensar: "A vida é inútil. Não há sentido na vida. Onde está o meu chiclete?" O chiclete as mantém envolvidas, da mesma forma que os cigarros.

E também é por isso que as pessoas bisbilhotam a vida dos outros. Isso as mantém envolvidas. Ninguém se preocupa se é verdadeiro ou falso; essa não é a questão. A questão é: como se manter envolvido e afastado de si mesmo?

Portanto, os viciados em trabalho são contra a meditação. Todo vício evita que você se torne um meditador. Todos os vícios têm de ser abandonados.

Mas ser total no trabalho é uma coisa completamente diferente. Ser total no trabalho não é um vício, é um tipo de meditação. Quando você está totalmente em seu trabalho, nele há a possibilidade de perfeição, o trabalho perfeito lhe trará alegria.

Se você pode ser perfeito e total no trabalho, pode ser total no não-trabalho — apenas sentando-se silenciosamente, em silêncio total. Você sabe como ser total. Você pode fechar os olhos e pode estar totalmente dentro. Você conhece o segredo de ser total. Portanto, ser total no trabalho é útil na meditação.

O viciado em trabalho não pode meditar; não pode sentar-se silenciosamente, nem mesmo por alguns minutos. Ele se inquietará, mudará de posição, fará uma coisa ou outra, olhará dentro desta ou daquela bolsa, mesmo sabendo que não há nada nelas. Ele tirará os óculos, limpará, colocará de lado, mesmo sabendo que estão limpos.

Mas o homem que é total em seu trabalho não é viciado. Ele pode ser total — e será total em qualquer coisa. Ele será total enquanto dorme, será total enquanto caminha. Ele será apenas um caminhante, nada mais — nenhum outro pensamento, nenhum outro sonho, nenhuma outra imaginação. Ao dormir, ele simplesmente dormirá; ao comer, simplesmente comerá.

Você não faz isso. Você come e sua mente está fazendo centenas de viagens...

Eu tenho visto — em cada cama não há apenas duas pessoas, mas uma grande multidão. O marido está fazendo amor com sua esposa, mas pensa em Sophia Loren; a mulher não está fazendo amor com o marido, está fazendo amor com Mohammed Ali. Em cada cama você encontrará uma multidão! Ninguém é total em cada ato, nem mesmo no amor.

Portanto, seja total em tudo o que você faz ou não faz. Seja total, e toda a sua vida vai se tornar uma meditação.


Osho, em "Dinheiro, Trabalho, Espiritualidade"


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