"Não é a paixão comunista, do bem comum, que rompe os laços íntimos de coesão da sociedade. Seria paradoxal. Rompe-os a desalmada reacção. Mas cabem enormes responsabilidades aos egoístas pusilânimes de todos os que, tudo devendo à democracia, que os criou, os instruiu e os levou a postos dirigentes, devendo ser os seus poderosos esteios, ao contrário, renegando-se, abdicando da indeclinável missão social que lhes compete, se convertem, por medo ou ignávia, em aliados dos seus inimigos. Eis o que faz com que o povo, isolado, só, em frente das prepotências flagelantes da reacção, se arregimente em classe. É ele então ainda, honra lhe seja! quem defende a vida e os foros do terceiro Estado, que, em tantas procelas perigosas, foi desde os inícios da nossa nacionalidade a alma ardente da nossa autonomia. Ditadura por ditadura, prefere a sua. Nem o bem se deve impor, é certo. Mas de quem sobretudo a culpa?"
Bernardino Machado
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