quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Auto-estima

Estava a chover e ia a conduzir quando li a palavra auto-estima numa carrinha branca que ao que me pareceu, naquela fracção de segundos, pertencia a uma associação de solidariedade social. Captou a minha atenção aquela palavra tão diferente de todas as outras que utilizamos no nosso quotidiano. Auto-estima é o acto de estimar a nossa pessoa. Estimar, ter apreço, apreciar, respeitar, proteger, amar…hum… Dificil para quem aprende, impossivel para quem não sabe. Talvez seja fácil dizer que o caminho se faz caminhando, mas sei que nem sempre a bagagem é leve e nem sempre o percurso é alegre. A auto-estima, não é egoísmo e não é uma peça de roupa, é uma forma de ser e de estar. Sim, sem dúvida que a auto-estima é uma escolha. Fazer a escolha é que muitas vezes não parece uma opção.
Continuava a chover e estava frio, tipicamente Inverno. Por momentos senti-me sozinha ou talvez carente, não sei bem explicar qual foi o sentimento que me assolou. Abri um pouco o vidro do carro e senti o ar fresco e o cheiro da terra molhada que me faziam sentir em casa. Os meus pensamentos começaram a vaguear. Bom, na verdade tento não dar demasiada atenção as coisa que me incomodam. E quando isso significa um esforço, tenho sentimentos diferentes, opostos e estranhos, porque tão intensos e em espaços de tempo muito curtos.
A minha crença diz-me o que é importante permanece. Mas há a ilusão, que como uma droga, torna-nos inconscientes, indefesos e vulneraveis. E depois há aqueles momentos em que nos julgamos que possuimos coisas, momentos e outros. Há a falsa segurança, a falsa garantia.
Nas minhas reflexões percebo que tudo é importante.
Estava a estacionar quando reparei que já chove há alguns dias. Há tantos quantos os que chovem dentro de mim.
Saravá.
Isabela

Silêncio

Há momentos em que os silêncios pairam em mim. São vários e diferentes. Há o miudinho, há o triste e o alegre, há o pensativo e o picante. Há o silêncio que tem lágrimas molhadas e secas. Algumas vezes as minhas palavras, os meus pés e as minhas mãos têm silêncio. Há silêncios que dizem tudo e outros que expressam o que não querem dizer. Há silêncio com culpa e há culpa com silêncio. Devo acrescentar que há também o respeito pelo silêncio. Respeito, ora aqui está uma palavra que dedico às pouquíssimas pessoas que conheci e conheço que sabem e praticam o seu significado.
Gosto bastante do silêncio da meditação. Meditar é uma arte, uma terapia e um hobby! É um acto de consciência que nos leva ao inconsciente de uma forma que dá tanto prazer que quase chega a ser inexplicável, é algo que por muito que se tente, só se entende quando já lá se esteve.
Acredito que dez minutos de silêncio de manhã e à noite podem fazer uma grande diferença em todos os outros silêncios que ocorrem durante o dia e a noite, muitas vezes irreflectidos porque também muitas vezes reactivos.
Vou reservar um minuto de silêncio para todos os que estão a ler este texto (muito provavelmente em silêncio)!
Isabela

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